Matemática

Homenagem a Guy Brousseau – APMEP

Guy Brousseau (1933-2024)

A história da APMEP revela-nos periodicamente a qualidade e a grandeza das personalidades que participaram, em momentos chave, no desenvolvimento das ideias da nossa associação. Certamente, é muitas vezes quando desaparecem e paramos todo ou parte do seu trabalho que percebemos o imenso poder criativo da nossa associação.

Guy Brousseau é um exemplo perfeito, especialmente pela sua acção no final dos anos 1960, durante a criação do IREM. Estas poucas linhas de homenagem pretendem reviver determinados momentos.

Guy Brousseau foi professor até 1964, quando decidiu retomar os estudos científicos na Universidade de Bordeaux. Em 1966, criou um CREM (Centro de Investigação para o Ensino da Matemática) no CRDP da Gironda. Aí reflete sobre os problemas do ensino da matemática no ensino primário, atendendo ao pedido feito por André Lichnérowicz e Jean Colmez para estudar “as condições limitantes da investigação em pedagogia matemática”. Em março de 1968, durante a conferência de Amiens, Jean Colmez e Guy Brousseau apresentaram os resultados desta pesquisa. Lembremos que nestes anos foram criados os IREM, cujas estruturas e objetivos são em grande parte inspirados no CREM de Guy Brousseau.

Assim, Guy Brousseau é o inventor, graças em particular aos importantes recursos mobilizados no IREM de Bordéus, de uma teoria didática da matemática que pretende construir dentro da própria ciência matemática, a partir de observações de situações de ensino. “Esta pesquisa”, escreve ele no Boletim APMEP nº 289, “requer muitas equipes pequenas dentro das escolas experimentais”.

A primeira tentativa de realizar uma experiência deste tipo remonta a outubro de 1969, na escola prática da École Normale de Caudéran (um subúrbio de Bordéus). Mas a tentativa não durou muito, devido à particularidade da escola de aplicação. Para Guy Brousseau, “tais experiências exigem uma escola comum que deve manter um equilíbrio entre a realização das pesquisas nela realizadas e o seu funcionamento diário” (entrevista com Guy Brousseau, 2004).

Foi na escola Michelet, escola primária da cidade de Talence, onde Guy Brousseau criou, de 1972 a 1999, a sua “obra-prima da engenharia didática” (entrevista com Guy Brousseau, 2004). Este é um sucesso inegável, apoiado pelas autoridades locais, pela Reitoria e pelo IREM de Bordéus. A escola torna-se então um local muito procurado para pesquisas que Guy Brousseau consegue proteger de qualquer intrusão: “Só os pesquisadores estão autorizados a assistir às aulas. “Sem visitantes.” Para a anedota, Guy Brousseau mencionou frequentemente “que um ônibus cheio de turistas japoneses queria visitar a escola um dia, mas não apareceu outro dia”.

Foi assim que Guy Brousseau desenvolveu, no seio da escola Michelet, durante muitos anos, a sua teoria das situações didáticas, pela qual obteve, em 2003, a primeira medalha Félix Klein da Comissão Internacional para o Ensino da Matemática.

Guy Brousseau passou a integrar o Panteão de grandes personalidades da APMEP.

Graças a ele.

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