Matemática

Editorial BGV nº 227 – APMEP

O retorno da matemática ao ensino médio?

Em 13 de novembro de 2022, o Ministro da Educação Nacional anunciou uma hora e meia de matemática na primeira classe, a partir do início do ano letivo de 2023. O primeiro instinto é alegrar-se com este retorno da matemática ao núcleo comum. E, no entanto, a declaração do ministro levanta questões.

Por um lado, este ensino básico comum destina-se apenas aos alunos do primeiro ano do ensino geral que não optam pela especialidade de matemática. A esses alunos do ensino médio é imposto, assim, um maior volume de horas em relação aos seus pares que seguem a especialidade de matemática. Esse ensinamento faz parte do núcleo comum, que, portanto, já não tem muito em comum. Em vez disso, aparece como um novo exemplo entre os ensinamentos que são difíceis de ler em sua organização.

Por outro lado, qual é o objetivo deste ensinamento? É para equipar os alunos para estudos superiores que exigem matemática? Nesse caso, não é adequado para a maioria do ensino superior. É para dar acesso à matemática complementar, o que é absolutamente irreal? É fornecer elementos de cultura suficientes para entender o mundo de hoje, os problemas atuais da sociedade e, então, poder nos questionar sobre o conteúdo dos programas? Existe um risco real de assimilação desses objetivos, quando são bem diferentes. Esta confusão faz-se sentir na articulação das aulas do ensino secundário geral, que se tornou muito complexa e conduz ao isolamento de alunos e professores.

A APMEP mantém o rumo que sempre a orientou: queremos educação matemática para todos, profissionais, tecnológicos e graduados do ensino médio geral. A matemática é essencial para construir e desenvolver nossa sociedade, todos juntos. Ninguém deve ser excluído. Não é mais um remendo que pode nos permitir avançar em direção a esse projeto social, mas um questionamento profundo em relação à estruturação do bacharelado, a partir da segunda série, e junto com a escola, o colégio e o ensino superior, para uma real continuidade que torna a trajetória escolar coerente. A APMEP pensa continuamente, coletivamente e sem preconceitos, para participar na construção do futuro dos nossos alunos, cidadãos em formação.

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