Apple olha para a Índia e o Vietnã para expandir a produção – Quartz
A Apple está procurando aumentar a produção fora da China, relata o Wall Street Journal, ecoando manchetes semelhantes antes da pandemia.
Desta vez, a gigante da tecnologia aparentemente está pedindo a seus parceiros de fabricação que considerem transferir parte da produção da China devido a frustrações com os rígidos protocolos Covid-19 do país, que levaram a bloqueios prolongados de centenas de milhões de pessoas e restrições de viagens.
A Apple há muito confia na China para a grande maioria (mais de 90%, escreve o Journal) de sua fabricação. Uma pequena porcentagem de seus produtos é produzida na Índia e no Vietnã. Agora, as fontes do jornal, identificadas apenas como pessoas familiarizadas com as negociações, dizem que os dois países foram apontados como destinos potenciais para a fabricação adicional.
Afastamento da Apple da China pode ser apenas o começo
Se o relatório for preciso, o reequilíbrio da Apple fora da China pode levar outras empresas de tecnologia a seguir o exemplo.
A China já está assistindo um declínio sustentado em investimentos estrangeiros, com saídas de US$ 17,5 bilhões somente em março, segundo dados recentes do Instituto de Finanças Internacionais (IIF), associação comercial com sede nos Estados Unidos, que classificou a mudança como “sem precedentes”. Também é único: outros mercados emergentes não viram a mesma reação dos investidores durante a pandemia, disse a associação.
A recusa da China em condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia e sua guerra em andamento é outra razão pela qual investidores e empresas americanas estão se afastando do país. Além disso, analistas políticos temem que a China possa ser encorajada pela guerra de Putin na Ucrânia a agir nos planos de um ataque a Taiwan.
Enquanto isso, o entusiasmo inigualável do país em busca de uma estratégia “Covid-zero”, sem mencionar as crises de energia que levaram a interrupções em 2021, também levantaram preocupações sobre sua economia doméstica. Além da Apple, grandes empresas como Starbucks, Dupont e Estée Lauder culparam os bloqueios prolongados do Covid por obstáculos operacionais e vendas mais lentas, escreve a CNBC. Antes da pandemia, a Apple também estava motivada a transferir parte de sua produção para fora da China devido à sua exposição a riscos geopolíticos.
A Quartz entrou em contato com a Apple para comentar o relatório do Journal.
Não espere uma mudança drástica ou repentina
Apesar da crescente lista de razões pelas quais a China pode parecer menos atraente para as empresas americanas, alguns analistas dizem que não devem esperar mudanças drásticas ou rápidas.
A Apple passou décadas construindo seus centros de montagem e relacionamento na China, onde tem acesso a um enorme conjunto de talentos qualificados e uma forte infraestrutura, destaca o Journal. Além disso, como acontece com outras empresas sediadas nos EUA, a fabricação de produtos na China dá à Apple um acesso mais fácil ao enorme mercado consumidor doméstico da China.
“A diversificação da cadeia de suprimentos é bastante complicada porque as pessoas estão sempre falando sobre isso, e as salas de diretoria adoram discutir isso”, disse Nick Marro, líder de comércio global da The Economist Intelligence Unit, recentemente à CNBC, “mas muitas vezes, no final do dia, as pessoas descobrem que é difícil de implementar.”