Editorial BGV n°238 – APMEP
Um copo meio vazio ou meio cheio?
No início do ano pode parecer óbvio ver apenas disfunções na forma como as coisas são feitas. Especialmente porque tínhamos antecipado as dificuldades que poderiam surgir durante a implementação eficaz dos grupos de nível, a inutilidade das avaliações nacionais foi generalizada a todos os níveis e alertámos as nossas autoridades sobre estas questões. O nosso ministério persistiu apesar da oposição massiva de todas as partes interessadas da escola.
Como então não permanecer desanimado? Como podemos mudar nossa perspectiva sobre esse retorno à escola?
Já há uma novidade a comemorar: há vários anos que pedimos o reforço dos horários de ensino da matemática nas escolas secundárias profissionais e no último ano isso foi conseguido. [1].
Subsistem dúvidas sobre os percursos de preparação para o aprofundamento dos estudos ou a integração profissional no final do último ano. Por um lado, a escolha do aluno não é valorizada no seu acesso ao percurso do ensino superior. Assim, poderão achar mais interessante, a curto prazo, realizar um período de formação em ambiente profissional que resultará no pagamento de um subsídio. Além disso, continuamos convictos de que a construção de competências disciplinares ou transversais deve ser feita ao longo dos três anos do bacharelado profissional, seja para a integração profissional, seja para a continuação dos estudos, porque essas competências serão necessárias para que todos possam adaptar-se às mudanças. nas profissões.
Podemos também celebrar o espírito de resistência dos colegas que se esforçaram por limitar os efeitos nocivos dos grupos de nível, ajudando a desviar-se o máximo possível da organização prevista no decreto. Interpretando literalmente o discurso do ministro demissionário: “pragmatismo e flexibilidade”. Assim, segundo estudo do SNES-FSU, cerca de 65% das universidades não implementaram grupos de níveis de acordo com os métodos anunciados.
Por fim, a espera interminável pela nomeação de ministros permitiu adiar determinados projectos como a reforma das contratações e da formação inicial. Isto permite-nos continuar uma reflexão que iniciamos e que requer tempo, porque estas reformas são necessárias.
Sobre todos estes temas continuamos a nossa reflexão, por exemplo trabalhando com outras associações de professores especializados ou diferentes grupos como a educação Riposte. A pluralidade de pontos de vista, de trocas, de alertas, de propostas, tudo isto está no centro da nossa ação.
Certamente isso é suficiente para ver o copo meio cheio: a escola não vai muito bem, mas coletivamente podemos fazer propostas e avançar linhas. Isto é o que nos leva.